Já que fiz carvão de algumas plantas, resolvi olhá-los mais de perto e testar suas propriedades.
Retenção de água
Um dos benefícios que a ciência atribui ao uso de carvão no solo é a sua capacidade de reter água. Dado que a madeira fica extremamente porosa depois de virar carvão, a água pode então se infiltrar e permanecer lá dentro. Para ter uma ideia, um carvão ativado, ou seja, aquele que foi feito a temperaturas acima de 500 ºC, possui uma área de poros entre 1500 a 3000 m² por grama (ver o livro de Rebecca Oaks).
Tendo isso em vista, montei o seguinte experimento. Escolhi algumas peças de carvão de bambu, uva do japão e pinus. Coloquei-as por 30 minutos no desidratador a 70ºC e pesei seu volume seco. Depois, submergi as peças por dois dias. Retirei-as da água e pesei novamente.
O resultado está apresentado na tabela abaixo. A coluna “Retenção” mostra quantas vezes o carvão consegue reter de água em relação ao seu peso seco (ou seja, o peso de água dividido pelo peso seco da amostra). Pretendo atualizá-la à medida que eu for queimando outras espécies.
Espécie | Peso seco da amostra | Peso úmido saturado | Retenção de água |
Pinus Elliotii | 22,1 | 71,0 | 2,2 x |
Bambusa Tuldoides | 39,1 | 64,2 | 0,64 x |
Hovenia Dulcis | 32,5 | 67,6 | 1,08 x |
Não sei ainda como o pessoal faz nos laboratórios, mas dá para ter uma ideia da capacidade de uma peça de carvão armazenar água. Como na hora de aplicar o carvão no solo a gente mói ele, como será que isso altera essa capacidade?
Seção transversal
Outra análise que pude fazer foi simplesmente olhar a seção transversal de cada peça. Usei uma lente que aumenta 200x para fazer as seguintes fotos no meu celular.
No pinus acima, dá pra ver certinho a linha do anel de crescimento: a parte mais escura, acima (poros maiores) são os traqueídeos do ínicio da estação e a parte mais clara (poros menores), os traqueídeos tardios (que cresceram menos). Os furos maiores são os dutos de resina, característico das coníferas.
Para o bambu, peguei a informação da anatomia dessa imagem em inglês. Nesse bambu então, dá pra ver três furinhos bem definidos, um furo maior, meio disforme mais abaixo, e entre os 3 e o grandão, às vezes dá para ver um bem pequenino. No conjunto de 3 furos, o do meio é onde passa o floema. Os dois laterais são os vasos. O pequenino não achei descrição. E o furão é onde estão as fibras. Todo o resto são as células do parênquima.
Na Uva do japão, a diferença dos canais devido às estações do ano também é bem visível. Os furos maiores denotam a primavera (centro da foto) e dali em diante (para cima) os furos vão diminuindo o diâmetro. No crescimento de inverno (na parte de baixo da foto), os vasos quase desaparecem. Acho que as linhas claras no sentido vertical são os raios.
Bom, essas foram as análises que fiz até o momento. À medida que for estudando mais, terei novos experimentos para fazer com os carvões.