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Matéria orgânica demais

(O texto a seguir é uma tradução de um trecho do livro "Soil Science for Gardeners", de Robert Pavlis)

Será que muito de uma coisa boa pode ser ruim? A resposta é sim. Demasiada matéria orgânica (MO) pode ser tóxica para as plantas.

Acrescentar um montão de matéria orgânica a um novo jardim ou a um campo agrícola mais antigo normalmente não é um problema. Esses tipos de solo quase certamente têm um baixo nível de MO, e adicionar uma boa quantidade só pode ajudar o plantio. O problema ocorre quando isto é feito ano após ano, especialmente em pequenos jardins como nos canteiros elevados. As pessoas fazem novos canteiros elevados com 30% de composto e ainda colocam mais a cada ano.

O efeito inicial da adição de MO fresca é uma explosão de crescimento microbiano e eles precisam de nitrogênio para começar a decomposição. Isto reduz o nível de nitrogênio no solo e deixa as plantas passando fome. O equilíbrio é alcançado ao longo do tempo e o nitrogênio é novamente disponibilizado às plantas.

Lembre-se de que a MO leva vários anos para se decompor totalmente. Se acrescentarmos MO todos os anos, haverá uma acumulação constante de MO não digerida no solo. Após alguns anos, a quantidade será tão grande que os nutrientes liberados podem atingir níveis tóxicos.

A quantidade de NPK utilizada pelas plantas varia de acordo com as espécies, mas um valor médio fica em torno de 7-1-6. Elas utilizam cerca de 7 vezes mais nitrogênio do que fósforo. A maioria dos compostos comerciais à base de estrume tem um NPK de cerca de 1-1-1. Se adicionarmos o suficiente para fornecer o nitrogênio necessário, adicionaremos 7 vezes mais fósforo. Uma vez que o fósforo não viaja rapidamente pelo solo e é convertido numa forma estável, ele acumula-se no solo. O excesso de nitrogênio, por outro lado, lixivia-se facilmente. Repita isto anualmente e poderá ver porque é que os solos atingem rapidamente níveis elevados de fósforo.

Um nível elevado de fósforo torna mais difícil para as plantas absorverem manganês e ferro, resultando numa deficiência efetiva desses nutrientes nas plantas. Isso se manifesta como clorose interveinal das folhas. Algumas pessoas tentam resolver o problema adicionando mais ferro, mas se o problema for causado por demasiado fósforo, adicionar mais ferro não vai ajudar. Níveis elevados de fósforo são também tóxicos para fungos micorrízicos, que acabam não se associando com plantas e, assim, elas precisam formar mais raízes para encontrar seu próprio fósforo. Isso reduz a floração e a frutificação.

Quanta MO é demasiada? Isso é difícil de determinar sem um teste de solo. A quantidade depende certamente da textura do solo, das práticas de cultivo e do ambiente. Depende também da fonte (de MO): material oriundo de plantas tem uma quantidade relativamente menor de fósforo do que o material baseado em estrume. Os efeitos negativos do excesso de MO são também cumulativos e demoram a se mostrar.

Nos últimos anos, os testes no solo de pequenos sítios orgânicos de plantio intensivo mostraram níveis muito elevados de fósforo, juntamente com numerosos problemas de crescimento das plantas. Uma das melhores formas de detectar um problema de MO é monitorizar os níveis de fósforo. Se estes ficarem elevados, pare de adicioná-la.

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